A prece de Jesus a Deus:
“Orai assim:
Adoro-te, recôndito Eu do Universo, alma do todo, meu Pai e Pai de todas as coisas, alento meu e de todas as coisas.
Adoro-te, indestrutível essência, presente sempre, no espaço, no tempo e além, no infinito.
Pai, amo-Te, mesmo quando o teu respiro é dor, porque a Tua dor é amor, ainda quando a Tua Lei é penar, porque o penar que a Tua Lei impõe é o caminho das ascensões humanas.
Pai, engolfo-me no Teu poder, nele repouso e a ele me entrego, pedindo à fonte o alimento que me sustente.
Procuro-te na profundeza onde Te encontras, donde me atrais. Sinto-Te no infinito onde não chego e donde me chamas. Não Te vejo; Tu, entretanto, me cegas com a Tua luz. Não Te ouço; todavia, escuto o som da Tua voz. Não sei onde estás; contudo, a cada passo Te encontro. Esqueço-Te e Te ignoro; ausculto-Te, porém, em todas as minhas palpitações. Não sei individuar-Te, mas em direção a Ti, centro do universo, gravito, como gravitam todas as coisas.
Potência invisível que reges os mundos e as vidas, estás, na Tua essência, acima de toda a minha concepção. Que serás Tu, que eu não sei descrever, nem definir, se o só reflexo das tuas obras me enceguece? Que serás Tu, se me assombra a incomensurável complexidade desta emanação Tua, pequenina centelha espiritual que me anima por inteiro? O homem Te segue na ciência, Te invoca na dor, Te bendiz na alegria. Mas, na grandeza da Tua potência, como na bondade do Teu amor, estás sempre além, muito além de todo pensamento humano, acima das formas e da transformação, um lampejo no infinito.
No ronco da tempestade está Deus, na carícia do humilde Deus está; no evolver do turbilhão atômico, no avanço das formas dinâmicas, no triunfar da vida e do espírito, está Deus. Na alegria e na dor, na vida e na morte, no bem e no mal, Deus está, um Deus sem limites, que tudo abrange, enlaça e domina, até mesmo as aparências dos contrários, aos quais encaminha para suas finalidades supremas.
E o ser ascende, de forma em forma, anelando conhecer-Te, ansioso por uma cada vez mais completa realização do Teu pensamento, tradução, em ato, da Tua essência.
Adoro-te, supremo princípio do todo, na Tua vestidura de matéria, na Tua manifestação de energia; na inexaurível renovação de formas sempre novas e sempre belas, adoro-Te a Ti, conceito sempre novo, bom e belo, inextinguível Lei animadora do universo. Adoro-Te, grande todo, que ultrapassa os limites do meu ser.
Nesta adoração, aniquilo-me e me alimento, humilho-me e subo, fundo-me na grande Unidade e com a grande Lei me coordeno, para que a minha ação seja sempre harmonia, ascensão, prece, amor.”
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